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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Força na peruca




Sábado, quando eu voltava do trabalho. Observei que a maioria das mulheres tinge o cabelo de loiro e me lembrei de que a irmã de uma amiga na tentativa de ser loira conseguiu deixar o cabelo laranja ou como diria minha amiga cor de água de salsicha.



A irmã da minha amiga faz o estilo gostosona e o cabelo loiro a deixaria no estilo “loira fatal”, porém ela acabou parecida com o espantalho do Mágico de Oz.



Aquela cena me levou a pensar sobre os padrões de beleza que nos foram impostos: Mulheres loiras são bonitas e sensuais como Marilyn Monroe que inspirou até as apresentadoras infantis. Mulheres inteligentes são morenas. Exemplo: as jornalistas globais. E quando o assunto são curvas e samba no pé logo vem a imagem de uma mulata ou negra no carnaval.



Caro leitor, quero deixar claro que não tenho nada contra ninguém. Apenas defendo a idéia de que beleza, sensualidade, inteligência e samba no pé não têm nada a ver com estereótipos.



Mulher bonita é aquela que se valoriza. Nada de superficialidade! O importante é ter personalidade. Para isso, basta você se sentir bem consigo mesma.



Um dos pontos fortes de uma mulher são os cabelos. Eles são o reflexo do nosso interior. Se estamos bem, eles ficam lindos e ganham elogios desde os mais tímidos até os mais ousados. Se ficamos tristes ou estressadas, parecem buchas e tornam-se opacos e sem vida. Daí viram alvo de chacotas.



A irmã da minha amiga depois de ficar insatisfeita com o resultado acabou tingindo o cabelo de novo. Segundo ela, não queria ser zoada na escola. Voltou a ser morena.




Ikerly

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O poema do poeta do ônibus




O poeta do ônibus


Saí de manhã para trabalhar um dia desses e recebi uma poesia, achei incrível e digna de nota. Era uma manhã conturbada, quase sempre o ônibus está lotado e não há lugar para sentar, mas com isso eu já me acostumei, o que alivia um pouco a situação são pessoas gentis que se dispõem a segurar nossas coisas durante o percurso. Quase sempre encontro um senhor que me faz essa gentileza e, como esse ato se tornou diário, ele começou a conversar comigo, e em umas das conversas me confessou que era poeta e se dispôs a fazer uma poesia para mim, caso eu quisesse. Eu disse que ele poderia fazer com certeza e ele fez mesmo.


Alguns dias depois ele me entregou a tal poesia que quando terminei de ler, depois de rir muito, pensei na possibilidade de refletir “sociolinguisticamente” sobre aquele fato, mas não tinha como, acredito que nem mesmo os sociolinguistas defendem aquele tipo de ortografia, eu nunca vi tantas "inadequações" à variante culta do português na minha vida, vocês precisam ler... Para vocês terem uma ideia do conteúdo da poesia citarei alguns trechos fantásticos: “Poezias para uma pesoua”, “me perdoi çir eu estou erado”, “ o jardim do ceu quintal”, “ não cepreocupe”, “medescurpe” e o melhor, quando termina uma parte da folha ele escreve “por-favor vire o papel” , ele pensou que eu fosse fazer o quê? Esses são só alguns problemas, pois a carta inteira ele escreve desta forma.


A primeira impressão que tive ao terminar de ler aquela “poesia” foi de algo muito engraçado, eu morri de dar risada, aquilo era bizarro e penso que esta é a primeira impressão da maioria das pessoas que leem, mas esta uma questão muito séria se formos analisar em que nível de educação nós estamos, isso é uma prova do analfabetismo que há no nosso país, pois com certeza ele não é o único a escrever dessa maneira, isso é muito triste. Apesar de no final da carta ele pedir desculpas por ter pouco conhecimento - ele chama isso de “leitura fraca” - eu fico imaginando o que levou essa pessoa a acreditar que é poeta e qual será seu conceito sobre poesia, eu confesso que tem alguns traços poéticos na forma de se expressar quando ele fala de rosas, de jardins etc, mas sinceramente ainda não consigo ver como poesia, talvez preciso estudá-la mais profundamente.


Eu fico pensando em até quando ele vai escrever essas coisas acreditando que é poesia, porque sinceramente eu não tenho coragem de dizer para ele o que realmente penso, eu disse que gostei muito, porém sinto muito pela minha atitude mentirosa movida pelo sentimento de pena.
Carla Lucatto

O pesadelo de Walt Disney


A vida anda dura. Acredito que não só você, caro leitor, mas todos hão de concordar. Sabe aqueles momentos da vida em que se vende o almoço para comer a janta? Ou literalmente você furta o seu porquinho para a grana do busão?


Pois é, não que agora eu esteja sem dívidas ou como maluca rasgando notas de cem, mas preciso confessar que há menos de um ano a coisa estava mais feia e passei por um dos episódios mais doloridos, doloridos mesmo, não dolorosos, da minha vida.

Tudo começou em um dia chuvoso de sábado em que os funcionários da escola em que trabalho são livre, leve e obrigatoriamente convidados a trabalhar voluntariamente em trajes típicos, com dentes pintados de preto, chapéus caipiras e com botas de caubói, de preferência de bico quadrado, salto alto e que acabem com a saúde de pés cansados e originem o fenômeno das pernas varizentas.


Dez horas de animação (han?) depois, a pobretona que vos fala (escreve) tinha um novo compromisso a honrar, para livrar a pizza do sabadão.

Uma festa de aniversário deveria ser animada pela “Minnie” aqui; somente por uma hora e meia e estaria salva, colocaria meus pezinhos calejados e repletos de bolhas recentes em uma bela bacia de água quente. Mas, amigo leitor, minha vida não é assim tão fácil, e a Lei de Murphy definitivamente tinha me escolhido.


Após pegar uma carona com a professora que ia para a mesma direção da festa ( me achando por economizar) e, de muito andar debaixo de chuva, cheguei à casa em que iria trabalhar por uma hora e meia a-p-e-n-a-s, mas... a festa estava atrasada e tive que fingir bom humor, afinal, que mãe colocaria seu bebê nas mãos da Minnie Homicida? E, como desgraça pouca é bobagem, aquele sapatinho vermelho-fofo-envernizado que a filha da puta da ratazana usa veio para mim em saltos dignos de Gisele Bündchen e com dois números menores que os meus pés usam normalmente. O detalhe é que os pobrezinhos estavam tão inchados que até o sapato do Bozo ainda seria capaz de machucar.


Consigo perceber que trabalho demais não enobrece porra nenhuma, muito menos enriquece o pobre coitado que se esfola na labuta. Como provar? Simples. Com a experiência de quem trabalhou seguidamente por mais de 12 horas e, pelos contratempos do destino, após receber o fantástico cachê de 70 reais, fui obrigada a deixar todos os 50 mangos da pizza para a paga do taxista, afinal a festa acabou pra lá da meia-noite e pobre não tem direito a ônibus depois da zero hora.

Thaís Renata de Lima 22/10/09

Providência pontual

Providência pontual

A aula começa na faculdade. A professora pergunta quem terminou a crônica, eu e mais três respondemos que não. Ela começa a analisar a cronicação dos outros. Parto, então, para o mundo das criações, e sinto cheiro de crônica no ar...

Mas, mesmo em meio às coisas cronicáveis do dia a dia, nenhuma delas pôde cair no funil do lápis - sim, caro leitor, ainda uso o instrumento de madeira . Talvez a hora não seja própria, o que a conversação inerente a uma sala de letras insiste em tentar provar.

Piauiense teimosa, não desisto. E nesse quê, quando alguma idéia começa a se encher na mente, recebe logo as alfinetadas da gargalhada histérica de alguém, que tomam minha atenção, pois rapidamente me viro para ver se é algo grave, se os céus estão caindo ou algo do gênero, mas sou novamente lembrada que são apenas risadas inerentes a uma sala do terceiro ano de letras... nada mais, com as quais já deveria ter me acostumado, ainda que seus porquês não merecessem tanto.

Dentro dessas condições não consigo cronicar como os outros cronicam, necessito de uma ajuda sobrenatural, por isso faço então, esta pequena prece ao Superior:
Pai Supremo , Onipresente e Onisciente, que é conhecedor de todas as coisas, olhai por esse filha tua, que tem as ideias e os papéis (sim, ainda uso). Dá-lhe, por misericórdia, o que falta no momento, uma boa técnica para redação e a bênção da sublime concentração incondicional...

Surpresa! A professora dispara na sala de aula uma expressão ambígua e esta era "jogos linguísticos", era o momento.

Agarrei-a, como se agarra a uma tábua de salvação em meio ao naufrágio; não sei se conseguirei chegar à praia, mas lutarei contra a maré, não morrerei de braços cruzados, afinal de contas ainda possuo uma língua.

Muitos afirmam que a língua portuguesa é difícil. Mas a que grau de dificuldade devemos nos referir quando se trata de jogos linguísticos?
Ludwig Wittgenstein que foi um dos filósofos mais interessantes do século que passou era fascinado pela linguagem. Observando a forma como usamos as palavras, ele chegou à conclusão de que, ao falar, nós estamos jogando um jogo.

Vemos que este jogo linguístico refere-se à gramática da nossa amada língua.

No entanto quando me refiro ao jogo linguístico não falo gramaticalmente e sim linguisticamente. Porque uma, duas línguas, tem muitos movimentos, vários jogos e inúmeras entradas, não importa o estilo linguístico, se culto ou popular, o que é importante é sua forma de usar.

Mas em cada jogo a língua tem sentido e uso completamente diferente. Para que a língua tenha um sentido preciso, necessário se faz que os jogadores estejam jogando o mesmo jogo, ou seja a língua tem a sua devida atividade : é um instrumento de manipulação a serviço de um dado poder.
Autora: Mê.