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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Providência pontual

Providência pontual

A aula começa na faculdade. A professora pergunta quem terminou a crônica, eu e mais três respondemos que não. Ela começa a analisar a cronicação dos outros. Parto, então, para o mundo das criações, e sinto cheiro de crônica no ar...

Mas, mesmo em meio às coisas cronicáveis do dia a dia, nenhuma delas pôde cair no funil do lápis - sim, caro leitor, ainda uso o instrumento de madeira . Talvez a hora não seja própria, o que a conversação inerente a uma sala de letras insiste em tentar provar.

Piauiense teimosa, não desisto. E nesse quê, quando alguma idéia começa a se encher na mente, recebe logo as alfinetadas da gargalhada histérica de alguém, que tomam minha atenção, pois rapidamente me viro para ver se é algo grave, se os céus estão caindo ou algo do gênero, mas sou novamente lembrada que são apenas risadas inerentes a uma sala do terceiro ano de letras... nada mais, com as quais já deveria ter me acostumado, ainda que seus porquês não merecessem tanto.

Dentro dessas condições não consigo cronicar como os outros cronicam, necessito de uma ajuda sobrenatural, por isso faço então, esta pequena prece ao Superior:
Pai Supremo , Onipresente e Onisciente, que é conhecedor de todas as coisas, olhai por esse filha tua, que tem as ideias e os papéis (sim, ainda uso). Dá-lhe, por misericórdia, o que falta no momento, uma boa técnica para redação e a bênção da sublime concentração incondicional...

Surpresa! A professora dispara na sala de aula uma expressão ambígua e esta era "jogos linguísticos", era o momento.

Agarrei-a, como se agarra a uma tábua de salvação em meio ao naufrágio; não sei se conseguirei chegar à praia, mas lutarei contra a maré, não morrerei de braços cruzados, afinal de contas ainda possuo uma língua.

Muitos afirmam que a língua portuguesa é difícil. Mas a que grau de dificuldade devemos nos referir quando se trata de jogos linguísticos?
Ludwig Wittgenstein que foi um dos filósofos mais interessantes do século que passou era fascinado pela linguagem. Observando a forma como usamos as palavras, ele chegou à conclusão de que, ao falar, nós estamos jogando um jogo.

Vemos que este jogo linguístico refere-se à gramática da nossa amada língua.

No entanto quando me refiro ao jogo linguístico não falo gramaticalmente e sim linguisticamente. Porque uma, duas línguas, tem muitos movimentos, vários jogos e inúmeras entradas, não importa o estilo linguístico, se culto ou popular, o que é importante é sua forma de usar.

Mas em cada jogo a língua tem sentido e uso completamente diferente. Para que a língua tenha um sentido preciso, necessário se faz que os jogadores estejam jogando o mesmo jogo, ou seja a língua tem a sua devida atividade : é um instrumento de manipulação a serviço de um dado poder.
Autora: Mê.

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