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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Melão ou botijão?


Estávamos em horário de almoço quando decidimos comer em um self service que fica no final da rua onde trabalhamos. Não lembro sobre o que conversávamos no caminho, mas o interessante foi quando um homem, desses que carregam um carrinho de madeira vendendo coisas, veio em nossa direção. Não lembro o que ele vendia, acho que eram limões, mas isso não importa muito; o que importa é a frase confusa que ele direcionou a uma de nós duas, não sei se foi para mim ou para ela ou para as duas. Foi literalmente isso: eita, colega, tá cheio que chega ta derramano, hen!
Alguém entendeu? Eu não.
Na opinião da minha amiga, ele estava dizendo que uma de nós estava gorda ou as duas. Fizemos uma tentativa de compreensão daquele dialeto, então chegamos à conclusão de que ele referia-se aos nossos pneuzinhos, que estavam tão cheios que derramavam por cima da calça, você concorda? Na opinião de um amigo meu, ele poderia estar se referindo aos seios. Confesso que isso me aliviou um pouco, mas infelizmente continuaremos sem saber, porque eu não tive coragem de pedir para o vendedor traduzir a frase para a norma culta ou coloquial. Penso que compreenderia as duas, porém o que ele usou é um tipo de dialeto que não faz parte da minha tribo.
Ele poderia estar nos fazendo um elogio, não sabemos, mas o motivo que nos levou a pensar instantaneamente na questão do peso está, com certeza, relacionado ao padrão de beleza imposto pela sociedade. Sim, porque somos praticamente obrigados a segui-lo se quisermos nos enquadrar nesse padrão que dita as regras da beleza, isto tanto para homens quanto para mulheres.
Acredito que, para as mulheres o peso é maior, não o do corpo, o das regras. Para sermos belas temos de ser magras, peitos e bundas quanto maiores melhores, corpo bronzeado; os cabelos atualmente mais belos são os lisos. Mas me parece que isso está começando a mudar, pois a mídia é uma das principais ditadoras dessas regras. Hoje temos uma atriz negra com os cabelos selvagens como protagonista da novela da Globo; isso pode virar moda. Infelizmente, com essa ditadura seremos eternas crianças brincando de o mestre mandou.

Carla Lucatto

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